quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Escola Diferente

Já vi diversas vezes situações onde vou verificar porque um aluno está com dificuldades na matéria. Algumas vezes há um real bloqueio de aptidões para a minha área, este aluno terá que ser olhado de um modo diferenciado. Outras vezes falta de compromisso é detectada, é necessário que se oriente o aluno com relação às suas responsabilidades. Nenhuma dessas situações me preocupa, pois são fáceis de contornar desde que haja entendimento de ambas as partes. O que realmente me deixa triste é quando um aluno diz que não gosta de determinada matéria e não sabe dizer por quê. Um exemplo clássico vem das ciências exatas, onde costumamos ouvir: “eu nunca gostei de matemática”. Eu próprio sou um traumatizado, o fato de não gostar de saber os nomes de quem fez o que é uma seqüela dos nomes e datas que fui obrigado a decorar no ensino médio.
Mas será que a culpa de não gostar de matemática é do aluno ou de quem o ensinou os primeiros passos na matemática? E a culpa é de quem ensinou ou do sistema de ensino que vem perpetuando mazelas de formação há muito tempo?
Prefiro por a culpa no sistema arcaico que se tenta, em vão, modernizar todos os anos. Somos prisioneiros de um sistema educacional que oprime alunos e educadores. Claro que isso é apenas uma parte de todo o jogo familiar e social que vem se modificando e cada vez mais sobrecarregando as escolas. Sobrecarregando? Talvez não seja esta a palavra correta, pois, na minha opinião, os alunos poderiam passar mais tempo na escola, mas não nesta escola que temos hoje em dia (esta sim sobrecarregada).
Como então sair dessa arapuca que o tempo e a evolução da sociedade nos prepararam?
Vai aí uma proposta utópica mas talvez mais eficaz do que a escola que temos hoje. Para os padrões econômicos atuais essa escola é inviável, mas não custa sonhar.
Vamos então eliminar as seqüelas sofridas pelos educadores das séries iniciais, fazendo-os interagir com os colegas das séries mais adiantadas (incluindo o ensino médio). Dessa forma poderíamos sanar as dificuldades básicas que ocorrem nas séries iniciais. Não é de forma alguma uma ato discriminatório afirmando que os educadores de séries iniciais sejam incompetentes, somente é uma forma de jogar novos olhares ao processo inicial do ensino.
Defendo a presença de educadores de ensino médio em todas as partes do processo educativo desde as séries iniciais, pois estes têm uma visão mais clara e próxima do perfil do egresso do ensino médio.
Para que tal proposta funcionasse seria necessário que todos os educadores da escola fossem contratados em tempo integral, podendo se dedicar a uma só escola, com tempo livre nos turnos inversos. Neste tempo “livre” os professores poderiam reunir-se para discutir temas, preparar materiais, dar reforço e acompanhamento mais próximo aos alunos com dificuldades. Dessa forma, todos os educadores estariam envolvidos na formação dos alunos desde o começo até o fim da escola. Se cria um ambiente onde alunos e educadores se envolvem em atividades que promovem crescimento mútuo.
Tudo muito bonito, mas quais as dificuldades em implementar essa escola? Primeiro, é necessário que os educadores saibam ouvir, pensar e discutir despindo-se de suas vaidades intelectuais, abrindo-se a sugestões e críticas. Segundo, os educadores envolvidos sentirem realmente que o trabalho funcionou porque todos ajudaram, acreditando na força da equipe e não de líderes destacados. Terceiro, verdadeiro respeito mútuo (talvez este o mais difícil). Além de inviável economicamente essa escola necessitaria de pessoas equilibradas, com uma boa dose de autoconhecimento e vontade de fazer a diferença no mundo que os rodeia. Expus a cara a tapa agora pretendo levá-los!!

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