quarta-feira, 26 de março de 2008

Estava eu pensando em encontros e desencontros amorosos e assuntos afins numa sonolenta tarde porto alegrense quando lembrei-me de uma música do RUSH. Ia escrever sobre o assunto mas a música é mais que suficiente para expressar o que eu desejava escrever, me poupando o trabalho. Vai aí mais uma obra de altíssima qualidade desta grande banda que, qo que parece, se apresentará em Porto Alegre em agosto. Nos vemos lá...

Entre Nous (RUSH)

We are secrets to each other
Each one's life a novel
No-one else has read.
Even joined in bonds of love,
We're linked to one another
By such slender threads.

We are planets to each other,
Drifting in our orbits
To a brief eclipse.
Each of us a world apart,
Alone and yet together,
Like two passing ships.

Just between us,
I think it's time for us to recognize
The differences we sometimes fear to show.
Just between us,
I think it's time for us to realize
The spaces in between
Leave room for you and I to grow.

We are strangers to each other,
Full of sliding panels,
An illusion show.
Acting well-rehearsed routines
Or playing from the heart?
It's hard for one to know.

We are islands to each other,
Building hopeful bridges
On a troubled sea.
Some are burned or swept away,
Some we would not choose,
But we're not always free.

P.S.: não estranhem o nome da música, a banda é canadense, ou seja, tem um pezinho na França.

segunda-feira, 24 de março de 2008

À luz da lua


Um pouco mais de poesia de físico ...


Frente ao mar a vejo subir

Lenta e branca

Na luz que insiste em não terminar o dia.

A lua entra e ocupa seu lugar

Mostrando que agora reinará:

Para a glória dos amantes que nem a notam

Não por despeito, mas por mero efeito da presença mútua

Que faz com que ela seja só mais uma parte da natureza que os reverencia;

Ou para a nostalgia dos que, longe de seu esteio, buscam nela lembranças

Da pessoa que as ocupa a mente,

Mas não a vista, que corre em volta mas não avista aquela

Que quando à vista deixa o desejo de que ninguém a vista

No esplendor do corpo nu sob a luz prateada;

Ou para sofrimento daqueles que ao olhar o espaço ao seu lado

Vêem a rocha agora vazia, outrora formosa,

Sem ter a imagem e a voz que os fizera esquecer que a lua existia.

Que agora os faz perceber que a harmonia que havia

Ao ter do lado quem queria, foi uma utopia, que deixou saudades

De um momento a mais que fosse, só mais um,

Só um último, um infindável último momento, que ainda buscam

Ao retornar ao local onde esqueceram da lua e a vida se abria em sonhos e delírios.

Ou para o deleitoso sofrimento do poeta que, inspirado pela lua,

Chega a ignorá-la em seus devaneios, escrevendo seus anseios,

Suas vidas, seus pe-

Da-

Ços.

Espalhando seus traços pela areia, engolidos pelo mar.

Vai mesclando seus amores, saudades e sofrimento em seu doce lamento

Da vida que vai passando, que vai no peito formando sentimentos e laços

Antes menosprezados e agora incorporados a sua proesia.

Ops! Cadê a lua?

Se foi como nas noites de olhares intensos de olhos fechados,

Mostrando ao solitário poeta que escrever também a faz sumir,

Que, mesmo só,

Existe um prazer

Somente em perceber

Que a vida não passou em branco.

Que para escrever

É preciso viver,

É preciso amar,

É preciso não ver a lua sumir num

Beijo lunar.



Agradeço ao Vitor Ramil o empréstimo do proesiar.

domingo, 16 de março de 2008

EU VOU SER TIO DE NOVOOOOOOO. EU TOU MUITO FELIIIIIIIZZZZZZZZZ!!!!!!

quinta-feira, 13 de março de 2008

Liberdade é melhor que pão?

Sempre gostei de fazer uma reflexão com meus alunos a partir de uma frase de Nelson Rodrigues, que dizia: “Liberdade é melhor que pão”. A partir da frase começava a refletir sobre as maravilhas do pensamento livre, dando um gancho nas histórias entre ciência e inquisição, culminando com o uso da liberdade com responsabilidade, aplicável diretamente às suas vidas.

É muito fácil falar a respeito desses assuntos, confortavelmente sentado numa poltrona assistindo tudo acontecer. Pois estava eu em tal poltrona quando assisti em um noticiário a uma reportagem sobre a atual situação da Rússia. A concentração de renda, após a queda do muro chega a níveis alarmantes. Há mais de 20 milhões de russos abaixo da linha de pobreza. Um homem que revirava um lixão em busca de comida ao ser entrevistado falou a frase que me lançou em meditação no sábado à noite: “Eu preferia que voltasse o comunismo; não tínhamos liberdade, mas ninguém morria de fome”. Tomei o tapa e fui-me ao meu passatempo predileto, me recolhi para pensar.

Como posso analisar decentemente a frase do Nelson Rodrigues sem saber o que é estar sem liberdade, sem saber o que é estar sem comida? Será que ele próprio soube o que é isso? É claro que se pode argumentar que não precisamos passar por todas as experiências da vida para falar a respeito de muitas delas. Entretanto sobre algumas coisas não creio que seja legítimo comentar sem que se tenha de fato experimentado. Fome é uma delas. O que será um homem capaz de fazer quando não tem o que comer e a esperança de obter algo para o seu sustento se esvai? Não falo de passar fome numa dieta, eu digo fome a ponto de correr risco de morrer e não ter onde buscar comida. Talvez eu nunca sinta na pele (sinceramente, torço para isso) o que é sentir fome, então tenho que buscar na história alguém que tenha sentido e relatado.

Não sou propriamente um expert no assunto mas pelo que lembro um jovem príncipe indiano resolveu peregrinar de mãos vazias, indo ao limiar da vida pela fome, sofrendo uma transformação e iluminação. Buda começou a ensinar após uma experiência extrema de fome. Jesus Cristo teria passado 40 dias do deserto sofrendo tentações antes de começar sua peregrinação e pregação. Uma de suas tentações foi a de usar seus poderes para afastar a fome intensa que sofria. Temos ai dois bons exemplos de coisas que aconteceram com personagens iluminados da história. Mas e o homem comum? Aquele cuja vida desgraçada não deu a oportunidade de moldar o caráter, de dar força ao espírito?

Talvez agora eu tenha chegado a minha resposta. O homem vive sem liberdade, mas sem comida, não. Ele arrisca sua vida e sua liberdade por comida. O homem só mostra a sua real face e o quanto tem firmes seus valores quando sua vida é levada a extremos. Quando a vida é posta em risco entra em ação o homem em sua forma mais crua, sem máscaras. Nesse estado ele é capaz de tudo pelo simples instinto de sobrevivência (lembram-se queda do avião nos Andes que provocou canibalismo por sobrevivência?).

Creio que isso tudo sirva para invalidar a frase que dá título a esse post, o que não tira, ainda assim, a utilidade dela como reflexão para a vida cotidiana daqueles que tem condições de ler o que agora escrevo (desde que devidamente contextualizada). Ter liberdade e dar liberdade é uma coisa fundamental em todos os ramos das atividades e sentimentos humanos. O ser humano só pode se encontrar se tiver liberdade para viver e fazer o seu caminho. O que cada um faz com essa liberdade é o que nos faz diferir em muitas coisas. Sem ela não creio que haja desenvolvimento completo das nossas capacidades intelectuais, afetivas e espirituais. Mesmo sem ela pode haver vida mas num sentido muito mais restrito. O que me faria reescrever a frase: “Liberdade, com pão, é melhor”.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Adeus Teleco...

Hoje este blog está de luto pela morte do palhaço Teleco. Lembro vagamente de passagens de minha tenra infância. Ajudar a mãe carregando os prendedores para pendurar a roupa; jogar bola e arrancar as tampas dos dedos nas lajes da frente de casa; a bicicleta dobramatic Monark fiel companheira; o pai chegando de caminhão e a alegria que se espalhava pela casa; o tio tirando a barba numa vasilha de alumínio, usando barbeador com laminas Gillete; a polenta que a Dinda (minha vó) fazia, feita em fogão a lenha em panela de ferro; os circos que passavam pela cidade, um deles o Teatro Teleco.

Na verdade o Teatro Teleco não era um circo, era montado com folhas metálicas. Não trazia bichos, somente peças. Eram peças encenadas pela própria família do Teleco e podiam ser assistidas por todas as idades. Lembro-me de ir algumas vezes com minha família (pai, mãe e irmão). Isso devia ser lá pelo final dos anos 70. Não existiam shopping centers mas sair à noite não era perigoso (a menos que você fosse um militante de esquerda!). O público era composto basicamente por famílias que se reuniam para um programa diferente de ficar em casa assistindo a novela das 8 h (que na época começava lá pelas 8 h mesmo).

Claro que para as crianças aquilo era uma odisséia. Eu costumava dormir lá pelas 8 h e as idas ao Teleco demandavam que ficássemos acordados até mais tarde. Ainda posso sentir o cheiro das pipocas, churros e cachorros-quentes que ficavam na entrada e que sempre eram uma tentação aos passantes. Lá dentro as histórias arrancavam gargalhadas. Obviamente não lembro das histórias, mas lembro do clima do lugar. As cadeiras simples, a gente humilde e minha família reunida.

Às vezes ainda sinto que queria ser aquela criança gorduchinha e bochechuda que se encantava com todo aquele movimento e com as palhaçadas do Teleco. Vem uma sensação de desamparo, de solidão, daquela falta da mão forte do meu pai segurando a minha com ternura. Ternura que sinto ainda hoje ao lembrar dele. Ao relembrar daqueles momentos em que eu tinha a certeza de que nunca estaria triste, pois ele sempre estaria ali para me alegrar, bate uma saudade imensa e uma nostalgia inebriante...

Fica aqui este post em homenagem ao ator e escritor (sim, ele mesmo escrevia as suas peças) Antônio Adir Machado que alegrou as infâncias de muitos e aliviou pelo riso a vida adulta de tantos. Que a sua família possa continuar esse legado de vida que deixaste para nós que crescemos sendo teus fãs.

Vai ai uma palhinha de Teleco perdida no u-tube http://www.youtube.com/watch?v=44YorDNk-cU&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=DeIWrRy4eBU