segunda-feira, 10 de março de 2008

Adeus Teleco...

Hoje este blog está de luto pela morte do palhaço Teleco. Lembro vagamente de passagens de minha tenra infância. Ajudar a mãe carregando os prendedores para pendurar a roupa; jogar bola e arrancar as tampas dos dedos nas lajes da frente de casa; a bicicleta dobramatic Monark fiel companheira; o pai chegando de caminhão e a alegria que se espalhava pela casa; o tio tirando a barba numa vasilha de alumínio, usando barbeador com laminas Gillete; a polenta que a Dinda (minha vó) fazia, feita em fogão a lenha em panela de ferro; os circos que passavam pela cidade, um deles o Teatro Teleco.

Na verdade o Teatro Teleco não era um circo, era montado com folhas metálicas. Não trazia bichos, somente peças. Eram peças encenadas pela própria família do Teleco e podiam ser assistidas por todas as idades. Lembro-me de ir algumas vezes com minha família (pai, mãe e irmão). Isso devia ser lá pelo final dos anos 70. Não existiam shopping centers mas sair à noite não era perigoso (a menos que você fosse um militante de esquerda!). O público era composto basicamente por famílias que se reuniam para um programa diferente de ficar em casa assistindo a novela das 8 h (que na época começava lá pelas 8 h mesmo).

Claro que para as crianças aquilo era uma odisséia. Eu costumava dormir lá pelas 8 h e as idas ao Teleco demandavam que ficássemos acordados até mais tarde. Ainda posso sentir o cheiro das pipocas, churros e cachorros-quentes que ficavam na entrada e que sempre eram uma tentação aos passantes. Lá dentro as histórias arrancavam gargalhadas. Obviamente não lembro das histórias, mas lembro do clima do lugar. As cadeiras simples, a gente humilde e minha família reunida.

Às vezes ainda sinto que queria ser aquela criança gorduchinha e bochechuda que se encantava com todo aquele movimento e com as palhaçadas do Teleco. Vem uma sensação de desamparo, de solidão, daquela falta da mão forte do meu pai segurando a minha com ternura. Ternura que sinto ainda hoje ao lembrar dele. Ao relembrar daqueles momentos em que eu tinha a certeza de que nunca estaria triste, pois ele sempre estaria ali para me alegrar, bate uma saudade imensa e uma nostalgia inebriante...

Fica aqui este post em homenagem ao ator e escritor (sim, ele mesmo escrevia as suas peças) Antônio Adir Machado que alegrou as infâncias de muitos e aliviou pelo riso a vida adulta de tantos. Que a sua família possa continuar esse legado de vida que deixaste para nós que crescemos sendo teus fãs.

Vai ai uma palhinha de Teleco perdida no u-tube http://www.youtube.com/watch?v=44YorDNk-cU&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=DeIWrRy4eBU


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