terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Convergências e divagações sobre sonhar

Tenho sido acometido ultimamente por seqüências de mensagens com conteúdo similar em diversos assuntos. Quando isso acontece, geralmente aparece um post neste blog... A bola da vez vem de 3 referências completamente distintas. Música, cinema e literatura. Talvez essas convergências tivessem passado pela minha vida o tempo todo e eu nunca houvesse parado para prestar atenção nelas.

A primeira das referências vem de uma música aqui do nosso estadinho pretensioso mas de riquíssima cultura e temas profundos:


“Procuro meu sonho de um jeito sereno

E firmo meu rumo sem medo de andar” (Érlon Péricles)


Sempre gostei do verso e seguidamente uso como mensagem pessoal no msn. Parece uma mensagem bastante clara de que quando paramos de sonhar, paramos de viver; que sonhar pra sempre sem dar o primeiro passo é o mesmo que não sonhar; finalmente, de que correr desesperadamente atrás do seu sonho pode fazer com que não se aprecie a viagem para chegar a concretizá-lo.


Assistindo ao filme “Juno” em um dos momentos culminantes da bem construída trama de acontecimentos, assistimos à deprimente cena do desmoronamento de um relacionamento que não foi baseado nem em respeito nem em sinceridade. Um homem que sonha mas nunca alcança embora tente, é um homem que ao menos aprende muita coisa pelo caminho. Mesmo que passe a vida tentando sem conseguir atingir seu objetivo maior, ele pode olhar para trás eu dizer “eu tentei” e isso já é uma boa parte da satisfação de realizar um sonho. O menosprezo pelos sonhos e objetivos dos outros é uma prática vil, que afasta as pessoas, que torna o convívio uma tortura e inviabiliza relações sinceras.


A terceira referência vem da Divina Comédia e fecha tudo o que foi escrito até agora. Dante é levado ao primeiro círculo do Inferno, onde estão as pessoas virtuosas que não foram batizadas, geralmente por terem vivido antes mesmo da existência do batismo. Essas pessoas estão no inferno no qual o castigo é verem seus sonhos jamais serem realizados. Bah!!! Isso é que é inferno, ser fadado ao fracasso eterno, começar as coisas sabendo que nunca vai dar certo. Imaginem, ir ao supermercado para comprar algo e não ter justamente o que estava na lista; sair para divertir-se na noite e todos os lugares fechados; desejar ouvir uma música ou ver um filme e não encontrar; querer achar alguém para amar e não encontrar; achar alguém a quem se ama e não poder desfrutar da sua compania. Como o próprio Dante diz, as pessoas que aqui estão sempre desejam uma outra morte que os alivie.

Por menor que seja o sonho, dediquem-se às coisas que gostam, doem-se no caminho e verão que a plenitude virá pelo simples fato de haverem tentado e assim poderão contemplar o caminho trilhado com a cabeça erguida, leve e sem remorsos, plenamente aptos a olhar para a frente.


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