sábado, 9 de fevereiro de 2008

Um resto de luz e esperança

Volto aqui a falar de "Desejo e Reparação" (Joe Wright). No filme há uma cena de guerra mais dura que a famosa cena inicial de "O Resgate do Soldado Ryan". Não, não se vê mais braços e pernas voando, nem bombas explodindo, mas se vê todo tipo de comportamento de seres humanos jogados sem esperança em um país que os odeia. Uns continuam impassíveis fazendo seu trabalho (talvez uma forma de passar o tempo e aliviar a angústia temporariamente, ou insanidade mental mesmo), matando os cavalos (provavelmente porque não tem como alimentá-los, ou simplesmente para ter o que comer). Outros brincam como crianças (não que eu não goste de brincar) nos restos de um parque de diversões. Uns fitam o solo conscientes da desgraça em que se encontram. Ao passar por todo o campo são vistos olhares de desespero de diversas formas, por não saber se vão ser salvos, por saber que não serão salvos, por saber que nunca mais verão esposas, namoradas e familiares; por se dar conta de que a sua vida foi só isso e agora já está acabando. Cada um pode enxergar diversas coisas naqueles olhares, mas não se consegue ficar impassível diante deles. A esperança é somente uma luz esmaecida na ponta de um palito de fósforo que todos sabem bem que logo se apagará.

Resolvi escrever aqui e agora porque está em consonância com o último post e lá não cabiam estas reflexões. Não escrevo mais nada para não revelar nada de importante sobre a história do filme. Quem tiver disponibilidade, veja. Se desejar, comente :)

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