terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Seguindo em frente ...

Esses últimos meses foram de uma riqueza de vida muito grande para mim. A partir de uma série de experiências e leituras fui modificando em muitas formas o meu jeito de enxergar a vida, processo, por sinal, ainda em andamento. Com uma nova forma de pensar e interpretar as coisas, saindo do meu confortável casulo onde eu podia facilmente construir as minhas verdades sem ser questionado, me defrontei com a necessidade de enfrentar um mundo que eu não idealizei: o mundo fora das minhas 4 paredes. Uma colega da escola (agradeço muito pela ajuda, não sabes o quanto foste importante para mim) me ajudou a ver que eu estava perdendo muita coisa ao eliminar uma série de riscos, principalmente afetivos, da minha vida.
Enquanto pesava várias coisas na minha balança emocional me deparei com mais uma pérola de sabedoria de Arthur Clarke, num dos diálogos entre dois personagens do livro “Cradle”:

“Você tem todos os atributos que eu gostava em Walter: inteligência, sensibilidade, imaginação. Mas há alguma coisa errada. Você está sozinho, e por escolha. Seus sonhos de tesouros, seu encanto pela vida você não divide. É muito triste para mim ver isso.- Parou um instante e olhou para a pintura. Depois completou seu pensamento, quase como se estivesse falando consigo mesma.- Pois quando se tem 70 anos e olha-se para trás para ver o significado da vida, não se focalizam as atividades solitárias. O que a gente se lembra são os incidentes tocantes, as vezes em que a vida foi enriquecida por um momento partilhado com um amigo ou um amor. É nossa conscientização mútua desse milagre chamado vida que nos permite aceitar nossa mortalidade.”
E que me lembrou:
"Sonho que se sonha só
é só um sonho que se sonha só,
mas sonho que se sonha junto
é realidade."
Raul Seixas

Depois dessas pancadas todas sai a procurar as pessoas que deixei pelo caminho. Amigos há muito tempo desencontrados, ex-colegas, parentes, enfim, as pessoas que passaram pela minha vida e cujas presenças outrora me foram tão caras. Elas, como sempre, me proporcionaram muitos momentos agradáveis e boas risadas. Com algumas as antigas afinidades desapareceram, mas as lembranças continuam sendo boas. Destas fatalmente me afastarei de novo. Mas penso que algumas pessoas me acompanharão daqui para frente, são novas velhas amizades reativadas por um simples telefonema e a vontade, agora existente, de sair das minhas protetoras paredes. Afinidades que não se perderam com o tempo, que, talvez, tenham até aumentado, apesar de seguirmos caminhos diferentes.
Encerro aqui mais um desabafo, deixando a mensagem para meus quase inexistentes leitores de que não deixem a vida passar, olhando-a do banco de trás. Pulem para o banco da frente, peguem o volante e façam-na ir onde desejarem. Acidentes acontecem mas a carteira de habilitação é vitalícia. É só recolher os cacos, como agora recolho, levantar a cabeça e seguir em frente. O carro às vezes fica meio destroçado, mas continua andando, e a cada acidente fica mais forte.
:)))))

Um comentário:

Márcia disse...

Não saberia escrever da mesma forma que tu escreves, tuas palavras me tocaram profundamente; senti, quando estava lendo, o quanto importante as pessoas que passam pela vida da gente são significativas...e, cada um deixa um pouco de si e leva um pouco da gente. Espero que eu tenha deixado alguma coisa no teu coração...pois de ti, eu "suguei" muita coisa!!! tu és muuuuuuuuuuuuito especial; tu me fizeste acreditar que existe amizade entre um homem e uma mulher. Beijos(tu não é meu gineco), mas eu também te amo!!!!