sábado, 9 de fevereiro de 2008

No front ...

A imagem fala por si só. Um soldado americano em um bunker no afeganistão imagem

que ganhou o prêmio World Press Photo of the Year 2007. O corpo atirado contra a rocha a expressão de cansaço e desespero dão uma idéia de como é o dia-a-dia desses pobres coitados nas linhas de frente das guerras pelo mundo. Com certeza uma guerra que não provocaram e da qual não queriam fazer parte. Muitas vezes estão países que não querem a sua ajuda. Cada civil no caminho é um inimigo em potencial, mesmo que a sua tarefa seja protegê-los. Você se vira para o lado e vê pessoas jovens, vidas que deveriam estar florescendo, descobrindo aptidões, paixões amores e que se perdem para sempre. Digo para sempre porque ninguém volta são de uma guerra. Uma vez que você tenha matado ou tentado matar alguém, você carrega uma culpa que nunca o abandonará. Essa culpa oprime a mente, muda a forma de perceber o mundo, faz com que pareça que todos estão te olhando e sabendo o que você fez de errado. Duas referências excelentes sobre a culpa são: "Desejo e Reparação" (Joe Wright) aborda o tema numa das montagens mais bem feitas que já vi no cinema e "Crime e Castigo" (Dostoievski) que mostra uma abordagem direta e visceral de como o sentimento de culpa afeta uma pessoa e que NADA acaba com esse sentimento.


Por último ressalto o gesto que o soldado faz com a mão - não sei para ele o que significa - mas quando eu o faço, mentalmente sempre exclamo: O que eu tô fazendo aqui!! Dá a impressão de que ele acaba de realizar tarefas que lhe foram "impostas" e que agora ele se dá conta do que fez e do que tem feito. Digo impostas entre aspas porque eu acredito no livre arbítrio total, legal poder fazer o que se quer, mas responsabilizem-se pelo que fizeram. Se fez, foi porque quis, se lhe impuseram, coube a ele escolher entre fazer e insubordinar-se. Entretanto insubordinação é vista como fraqueza, não como expressão de uma opinião, é digna de punição e motivo de vergonha. É escolher entre sofrer um processo militar e uma culpa a carregar por toda a vida que lhe corroerá as entranhas.

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