Um pouco mais de poesia de físico ...
Frente ao mar a vejo subir
Lenta e branca
Na luz que insiste em não terminar o dia.
A lua entra e ocupa seu lugar
Mostrando que agora reinará:
Para a glória dos amantes que nem a notam
Não por despeito, mas por mero efeito da presença mútua
Que faz com que ela seja só mais uma parte da natureza que os reverencia;
Ou para a nostalgia dos que, longe de seu esteio, buscam nela lembranças
Da pessoa que as ocupa a mente,
Mas não a vista, que corre em volta mas não avista aquela
Que quando à vista deixa o desejo de que ninguém a vista
No esplendor do corpo nu sob a luz prateada;
Ou para sofrimento daqueles que ao olhar o espaço ao seu lado
Vêem a rocha agora vazia, outrora formosa,
Sem ter a imagem e a voz que os fizera esquecer que a lua existia.
Que agora os faz perceber que a harmonia que havia
Ao ter do lado quem queria, foi uma utopia, que deixou saudades
De um momento a mais que fosse, só mais um,
Só um último, um infindável último momento, que ainda buscam
Ao retornar ao local onde esqueceram da lua e a vida se abria em sonhos e delírios.
Ou para o deleitoso sofrimento do poeta que, inspirado pela lua,
Chega a ignorá-la em seus devaneios, escrevendo seus anseios,
Suas vidas, seus pe-
Da-
Ços.
Espalhando seus traços pela areia, engolidos pelo mar.
Vai mesclando seus amores, saudades e sofrimento em seu doce lamento
Da vida que vai passando, que vai no peito formando sentimentos e laços
Antes menosprezados e agora incorporados a sua proesia.
Ops! Cadê a lua?
Se foi como nas noites de olhares intensos de olhos fechados,
Mostrando ao solitário poeta que escrever também a faz sumir,
Que, mesmo só,
Existe um prazer
Somente em perceber
Que a vida não passou em branco.
Que para escrever
É preciso viver,
É preciso amar,
É preciso não ver a lua sumir num
Beijo lunar.
Agradeço ao Vitor Ramil o empréstimo do proesiar.
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