segunda-feira, 24 de março de 2008

À luz da lua


Um pouco mais de poesia de físico ...


Frente ao mar a vejo subir

Lenta e branca

Na luz que insiste em não terminar o dia.

A lua entra e ocupa seu lugar

Mostrando que agora reinará:

Para a glória dos amantes que nem a notam

Não por despeito, mas por mero efeito da presença mútua

Que faz com que ela seja só mais uma parte da natureza que os reverencia;

Ou para a nostalgia dos que, longe de seu esteio, buscam nela lembranças

Da pessoa que as ocupa a mente,

Mas não a vista, que corre em volta mas não avista aquela

Que quando à vista deixa o desejo de que ninguém a vista

No esplendor do corpo nu sob a luz prateada;

Ou para sofrimento daqueles que ao olhar o espaço ao seu lado

Vêem a rocha agora vazia, outrora formosa,

Sem ter a imagem e a voz que os fizera esquecer que a lua existia.

Que agora os faz perceber que a harmonia que havia

Ao ter do lado quem queria, foi uma utopia, que deixou saudades

De um momento a mais que fosse, só mais um,

Só um último, um infindável último momento, que ainda buscam

Ao retornar ao local onde esqueceram da lua e a vida se abria em sonhos e delírios.

Ou para o deleitoso sofrimento do poeta que, inspirado pela lua,

Chega a ignorá-la em seus devaneios, escrevendo seus anseios,

Suas vidas, seus pe-

Da-

Ços.

Espalhando seus traços pela areia, engolidos pelo mar.

Vai mesclando seus amores, saudades e sofrimento em seu doce lamento

Da vida que vai passando, que vai no peito formando sentimentos e laços

Antes menosprezados e agora incorporados a sua proesia.

Ops! Cadê a lua?

Se foi como nas noites de olhares intensos de olhos fechados,

Mostrando ao solitário poeta que escrever também a faz sumir,

Que, mesmo só,

Existe um prazer

Somente em perceber

Que a vida não passou em branco.

Que para escrever

É preciso viver,

É preciso amar,

É preciso não ver a lua sumir num

Beijo lunar.



Agradeço ao Vitor Ramil o empréstimo do proesiar.

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