sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Divirta-se

Acabo de assistir dois filmes que me suscitaram algumas reflexões. “Shakespeare Apaixonado” e “Cinema Paradiso”. Apesar de serem totalmente diferentes ambos me levaram a pensar a respeito dos momentos de lazer na nossa vida.

Em Shakespeare Apaixonado é contada uma história sobre uma moça de boa família que é apaixonada pelo teatro e faz de tudo para poder ser atriz (numa época em que somente homens podiam subir ao palco). Não desejo aqui falar sobre a atriz principal ou seus dilemas. Me concentro (me recuso a escrever “Concentro-me”) mais no público, o povão, que é completamente alucinado pelos espetáculos. A mesma coisa acontece em Cinema Paradiso onde as pessoas do vilarejo se reúnem para ver à exaustão os poucos filmes disponíveis em seu cinema, na Itália combalida do pós-guerra.

Nos dois filmes encontramos a imensa expectativa que os espetáculos criavam e as torrentes de emoções causadas por eles. As pessoas esperavam os momentos no teatro (cinema) como se fossem a coisa mais importante do dia. De fato, os panoramas históricos que descrevem os dois filmes são realidades distantes de nós. Quando digo “nós” falo de mim e de você que está lendo este texto, pois, afinal, se você tem um computador conectado à internet e achou esse blog, você ao menos já tem algo a fazer nas suas horas livres. Mas existem pessoas que ainda vivem realidades parecidas com aquelas mostradas nos filmes.

Em algumas cidades do remoto interior do nosso país existem comunidades que não conhecem todos os prazeres que os confortos modernos nos proporcionam. Nessas localidades assistir TV ou um filme no arcaico videocassete são luxos nem sempre acessíveis a todos.

Especialmente em Porto Alegre contamos com uma rede de lazer bastante ampla, que abrange uma gama muito ampla de poderes aquisitivos. Desde os espetáculos gratuitos patrocinados pela prefeitura aos grandes e caros shows dos luxuosos teatros. Além disso, estamos em uma cidade com uma história riquíssima, onde a própria arquitetura dos prédios e suas tradições já são um espetáculo à parte. Já vi pessoas reclamando que não tem nada pra fazer em Porto Alegre. Não sabem procurar, ou então buscam coisas que realmente aqui não existem (mude-se).

(Aqui entrei em dúvida sobre escrever em modo light ou hard, preferi o light. O hard seria sobre fazer da sua vida um imenso momento de lazer/prazer, procurando trabalhar com algo que realmente nos faça felizes e ter coragem de assumir o ônus dessas escolhas).

Fui surpreendido positivamente essa semana por um texto produzido por duas alunas que tem um teor semelhante ao texto acima. Elas, em tenra idade, tiveram a postura de acreditar que poderiam encontrar bons momentos no aparentemente caótico centro de Porto Alegre. Depois disso creio que elas devam ter sido infectadas por aquele bixinho que nos faz pensar que seremos portoalegrenses para sempre (se já não o fossem).

Fica aí o texto das meninas para encerrar:

O Centro

Finalmente! Chegaram as férias! Todo mundo comentando seu destino, arrumando as malas. Uns vão para longe, Bariloche, Porto Seguro, outros vão para perto, Capão, Floripa, Gramado...O desejo é o mesmo: Tirar férias da sua cidade e da sua rotina.
Mas e você que fica por aqui mesmo, faz o que nas suas férias?
Dormir, comer, ver um filminho na Sessão da Tarde...tudo bem, não viajou mesmo não é! Mas já pensou em levantar do sofá, deixar as guloseimas e a preguiça de lado e sair para conhecer, hmm...o centro?!
Achou que eu mandaria você assistir o pôr-do-sol no Guaíba não é? Mas calma, o centro de Porto Alegre não é tão ruim assim! Lá não tem só poluição, assaltos, aquele povo todo que só vai lá para trabalhar e gritar no telefone. Você pode ir o centro, somente para...passear!
E foi isso que nós fizemos nessas férias, que passamos em Poa. Pegamos um ônibus, mesmo sem saber onde ele ia parar, e quando descemos, um novo centro surgiu para nós. Ele era diferente daquele centro que nós íamos nos dias de consultas nos médicos, onde ficávamos horas e horas em enormes filas para conseguir uma nova carteira de identidade.
Durante o caminho é possível ver todo o tipo de gente e descobrir que cada um tem um motivo diferente para estar lá. O nosso objetivo, era apenas passar o tempo, e talvez esse seja o motivo de tantos olhares estranhos. Éramos as únicas que riam à toa, no centro da cidade.
Adivinha? O melhor sorvete de Porto Alegre não se come no shopping, e sim na Banca 40, no Mercado Público. E melhor ainda: O melhor cachorro-quente não é o do Rosário...é o velho e bom cachorro-quente da Princesa, que fica na Rua da Praia(que lá mesmo, descobrimos que é a mesma coisa que Andradas).
Conhecendo as pessoas certas, você ainda consegue entrar no Banco Central do Brasil e ter uma vista privilegiada do tal pôr-do-sol do Guaíba ou sentar na poltrona de um dos mais famosos advogados de Porto Alegre.
É, o centro também é cultura.
São nas ruas mais estreitas, nos becos mais escondidos que encontramos 'pequenos tesouros'. As vezes é por lá que estão as 'primeiras edições' de livros e cd's que não encontramos em lugar algum. Tem até LP do rei! Elvis Presley também tá no centro...
De que adianta conquistar o mundo se você não conquistou nem mesmo a sua própria cidade?
É importante conhecer as diferentes culturas, entender o que diversos povos fazem e pensam.
Mas e quando te perguntarem: 'E você, o que se faz na sua cidade?'
Seria legal ter uma resposta para essa pergunta!
E aí! Te anima em dar uma volta pelo centro?
Por Natália Bass e Caroline Grippa

2 comentários:

Nati e Fê disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ana Maria Montardo disse...

Ahá!!! Eu li este texto delas!!! E disse que mostrassem para ti, pois sabia que ias adorar!

Aquelas meninas são show de bola mesmo! Adoro elas!

Abraço!