domingo, 31 de agosto de 2008

Raras Amizades

Dia frio em Porto Alegre e lá estou eu arrumando as coisas para ir a um casamento a centenas de quilômetros daqui em um lugar mais frio ainda. Na verdade gostaria eu de ser um dos participantes dele, mas por enquanto posso somente assistir. Inveja? Não. Estou exultante de felicidade. Hmmm! Feliz de viajar e ver um casamento? “Agora endoidou de vez”. Reconheço que parece coisa de doido, afinal, me deslocar de ônibus, sem saber onde ficar, dormir, chegar, assistir uma missa e, ainda assim, estar feliz?

Pois é, a gente conhece pessoas na vida, elas vão e vêm. Umas passam, outras ficam. Algumas são conhecidas, outras são amigas. E amigos, os tenho em pequena quantidade, conhecidos, aos montes. E mesmo para aqueles que chamo de amigo, confesso, não sou muito dedicado. Alguns passo meses sem ver, alguns, anos. Não recuso convites para estar com eles, mas, geralmente, não tomo iniciativa de procurá-los. Talvez seja um reflexo de uma auto-suficiência arrogante (da qual atualmente tento me livrar) que me acompanha há um bom tempo. Mais estranho ainda que eu me disponibilize a descer do meu pedestal para sair com rumo incerto pela estrada.

O que realizou este milagre? Simples. Amizade, talvez como nunca tenha encontrado outra. Nos dez anos que eu e esse cara tivemos sem ter convivência diária, ele me procurou um bocado de vezes. Não o procurei, sequer uma. Sempre tivemos afinidades de idéias sobre diversos assuntos, e quando conversávamos, falávamos de idéias e ideais. O que me foi exigido? Nada além de ser eu mesmo. É, ele conseguia ver em mim coisas boas, que eu mesmo nunca tinha percebido. E, à parte de toda a minha passividade em relação a procurá-lo, ele jamais deixou de contar comigo, e creio jamais tê-lo desapontado. Hoje tenho certeza que, mesmo que o tivesse desapontado, passaríamos por cima de tudo. Posso dizer sem medo de errar que esse cara me ensinou um bocado a respeito do que é ser amigo. Incondicionalmente disposto a ajudar e ser ajudado. Abrir o coração sem medo de julgamentos ou preconceitos.

Ele me ensinou que ser amigo é ser prudente sem ser castrador, é ser positivo sem ser irresponsável, a se preocupar com a vida do outro sem querer nada em troca. Me ensinou que às vezes só calar e ficar do lado é melhor do que falar e que às vezes a gente tem que ouvir umas verdades. Foi uma das poucas pessoas que não me condenou quando me separei. Simplesmente ficou ao meu lado e disse que a vida continua.

Ah! Ele não sabia de todo apreço que tenho por ele, mas felizmente pude falar tudo dessa vez, lacrimejamos um pouco e nossa amizade continua firme como sempre, mas agora, mais franca, sem os pudores que geralmente os homens e os tímidos refream ao falar sobre seus sentimentos. Desejo a ele toda felicidade do mundo em sua vida conjugal e que, apesar da gigantesca distância que agora nos separa (foi morar realmente muito longe), que sempre conte comigo para tudo.

Amizades assim são raras de encontrar, cultive-as e seja feliz.

Nenhum comentário: