terça-feira, 12 de agosto de 2008

Das Relações Virtuais

Nos últimos anos acompanhamos a ascensão das formas eletrônicas de comunicação. A internet que começou como uma ferramenta muito útil para pesquisadores, foi popularizada e o seu acesso amplamente facilitado à população de classe média/alta (falando de Brasil). Com tantas pessoas usando a internet as suas aplicações foram aumentando, foram criados crimes digitais e redes de relacionamento. Tanta facilidade de comunicação aliada a uma série fatores sociais faz com que nossos jovens passem cada vez mais tempo encerrados em casa na frente de seus computadores.

Com a crescente violência que temos testemunhado parece muito bom que tenhamos uma forma segura de nos comunicarmos com parentes e amigos. Além disso, com as redes de relacionamento se abre a possibilidade de conhecer pessoas novas, algumas delas se mostram novas amigas que jamais encontraríamos fora do mundo virtual. No mundo virtual podemos ser quem bem entendemos. A falta de contato físico e a possibilidade de termos mais tempo para pensar na hora de escrever modificam completamente os relacionamentos. Em uma pequena pesquisa, por exemplo, no Orkut, podemos rapidamente saber das preferências de uma pessoa, quais seus gostos musicais, manias e opiniões a respeito de alguns assuntos. Parece tudo bastante satisfatório e, de fato, são vantagens inegáveis.

Entretanto perdemos uma parte importante dos relacionamentos humanos que é o contato físico. No mundo virtual não percebemos a tremulação de uma voz chorosa, não sentimos as lágrimas de um amigo no ombro ou a respiração entrecortada por um largo sorriso. Ninguém coloca no seu Orkut a comunidade: hoje estou precisando de colinho ou hoje estou triste precisando de atenção. Uma verdadeira amizade necessita de um contato mais próximo. O que você escreve no seu computador, são só palavras escritas e não dizem sequer uma parte do que dizem um olhar, um gesto, um silêncio.

O resultado prático de tudo isso é uma geração de adolescentes cada vez mais egocentristas, desacostumados a partilhar. Quem passa muito tempo isolado na frente de um computador acaba perdendo o costume de dividir as coisas, seus pertences, seus sentimentos, suas experiências. Concomitantemente percebe-se que a coordenação motora desses jovens sofre danos cada vez maiores. Tarefas outrora simples como pular corda parecem agora coisas impossíveis de fazer. A noção de sincronicidade necessária à prática de esportes e de algumas brincadeiras fica cada vez mais precária.

É claro que não podemos abrir mão de algumas das vantagens dos relacionamentos virtuais, especialmente a segurança, mas sempre devemos tentar equilibrar as coisas. Se é bom encontrar uma pessoa no MSN, é muito melhor encontrá-la pessoalmente, se foi legal mandar um scrap, melhor ainda seria dizê-lo diretamente. Nem sempre é possível o encontro, mas deixe a preguiça de lado, visite, disponha-se a ser visitado. Não troque a sua vida real pela virtual. Qualquer emoção virtual é facilmente subjugada por uma real. Fomente o contato com seus amigos. Quando você olhar pra trás em busca do que se passou em sua vida você verá que se lembrará quase que exclusivamente de momentos passados ao lado de seus amigos e amores.

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