Le Notti di Cabiria foi o escolhido da noite do meu minguado acervo de filmes antigos. Dirigido por Frederico Fellini em 1957 com uma atuação simplesmente espetacular e irretocável de Giulietta Masina no papel principal (acho que muitas atrizes deveriam assisti-la e aprender um pouco). Creio nunca ter visto uma atuação como esta antes. Cabiria é o pseudônimo usado pela personagem principal na sua função diária de prostituta. O filme conta as desventuras de uma mulher simples que foi obrigada a se prostituir para sobreviver. Desta vez me prenderei a somente algumas das coisas que me levaram a refletir. Algumas outras já estão anotadas para outros posts.
Estava eu orkuteando por aí em comunidades que me pareceram promissoras quando encontrei um relato:
“Yoñlu passou os primeiros anos da adolescência fechado em seu quarto, em um apartamento da Zona Norte de Porto Alegre. Diante do computador, fez, ao redor do mundo, os amigos que não tinha no cotidiano. O garoto quieto, filho de uma família de classe média, tirou a própria vida numa tarde do inverno de 2006. Seria apenas uma história triste, não tivesse Yoñlu deixado, além da carta de despedida, uma vasta e intrigante produção artística. Complexa demais para um garoto de 16 anos. Mas o mundo doía em Yoñlu, como mostram as letras de muitas de suas músicas. Sua questão não era morrer, mas fazer a dor parar.”
O dia em que li isso reservei para o momento adequado: agora. Quer parecer-me nos últimos tempos que as pessoas endeusam certas atitudes extremas como por exemplo o suicídio. Já ouvi por aí que a pessoa tem que ser muito corajosa para se suicidar; o que eu acho um contra-senso total. Corajoso é aquele que vê a dificuldade e a enfrenta, não aquele que foge do modo mais covarde possível; é quem vê o mundo todo torto e vai lá dar o seu empurrão para tentar devolvê-lo ao rumo certo; é quem não tenta ver o mundo por frestas, filtrando o que interessa; é quem tem peito para olhar para dentro e vê ali um pouco dos problemas do mundo, se inquieta e age.
Tenho cada vez mais reservas em aceitar as produções de pessoas autodestrutivas. Artistas em geral com atitudes e hábitos que levam a sua própria ruína, acabam fomentando comportamentos sociopáticos que levam milhares de pessoas a terem uma conduta igualmente reprovável. Falta um pouco de noção de que o talento que têm poderia servir a causas, digamos, mais nobres do que a simples incitação de comportamentos escusos.
No filme temos contato com a vida de uma pessoa que sofreu demais na vida Acompanhamos um pouco de seus momentos mais difíceis, de falta de horizontes, de desilusões, de vontade de desistir de tudo e morrer. Ao final deparamos com um sorriso límpido e verdadeiro de quem aprendeu que na vida nos sofremos, mas nos recuperamos, caímos mas nos erguemos, desde que tenhamos coragem seguir em frente. É uma questão de não perder o sorriso que tínhamos quando éramos jovens e cheios de sonhos (como Giulietta magistralmente nos mostra ao longo do filme); de não perder a pureza de olhar para o mundo e querer ver a beleza que há nele, apesar de tudo que vemos; enfim de querer viver e perceber que viver vale a pena, por mais que se sofra.
Aos interessados em conhecer o filme, mande um e-mail (lvtarrago@gmail.com.br) ou um comentário que eu dou um jeito de mandar o filme pois eu acho que não é tão fácil de achá-lo por aí.
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