Andanças da Vida
Fim de semana cheio de idéias, entre uma pilha de provas por corrigir e outra, as músicas vão passando. Final de trimestre é sempre assim, muitas idéias rolando pelas músicas que vão passando e um tempo escasso para refletir e escrever. Me pego às vezes com as provas à frente totalmente inerte, prestando atenção na música. Uma delas em especial me parou desta feita. Obriguei-me a escrever ou as mãos não parariam de tremer (tudo bem eu sou exagerado mesmo). A música em questão foi a vencedora da primeira Califórnia da Canção Nativa em 1971 e revela a profundidade e amplidão das idéias que a música nativista aborda. Quase sempre com sua linguagem característica, a sabedoria do homem simples aparece de modo contundente. Nesse caso específico a linguagem típica aqui do sul do país dá lugar a uma concatenação de metáforas que podem ser interpretada pelos nativos de qualquer lugar. Esta música me tocou mais desta vez (há muito tempo que não a ouvia) pois ela reflete muito bem o momento da vida por que passo agora. Cansei de ser vento e passar solitário pela vida e resolvi mudar para o lado dos que descansam na barranca do rio . Só falta achar alguém para sentar e conversar tranqüilamente ao meu lado e fazer a vida desabrochar com raízes e frutos.
Reflexão
Colmar P. Duarte
Para fugir a tristeza
Por buscar esquecimento,
Desejei ser como o vento
Que vai passando sozinho,
Sem repisar um caminho
Sem conhecer paradeiro
Quis ser nuvem ao pampeiro
Ser a estrela que fulgiu,
Quis ser as águas do rio
Fazendo inveja às areias
Em seu eterno viajar!
Um dia cansei de andar
E desejei novamente
Em vez de rio ser barranca,
Em vez de vento, moirão,
Em vez de nuvem, semente,
Em vez de estrela, ser chão!
Recém então aprendi
Que muita gente maldiz
Sua sorte - insatisfeita –
Por não saber que é feliz.
E nunca mais invejei
O destino das estrelas,
Que só enfeitam a noite
Porque o sol não pode vê-las;
As nuvens que submissas,
Vão onde o vento as levar
E o vento que passa triste
Porque não pode voltar!
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